URBE - 28
Cedo, cinza céu, pingos caiam insistentemente na sacada. Subi uma escada para entrar, marcaram minha passagem pelo corredor, desci outra escada para sair. Fora desci a primeira e a segunda escada, o coração batendo acelerado, a respiração controlada, suor pelo corpo. Olhar aguçado, ouvidos atentos, mente desperta. Distanciei-me do prédio, desci em meio à mata para satisfazer a vontade de sentir seus aromas. A bola e o gato deslizavam pelo chão do salão, pessoas fixas, gritos histéricos. A escuridão atingiu de repente o lugar, desfazendo as falsas posturas pessoas, concretizando seus medos. Desfigurada membrana descolada avisava que não mais passava. Crônica urbanizada, mentalizada, burocratizada. À merda com seus supérfluos argumentos escolhidos na noite anterior.
“Fechar os olhos ou apagar a luz?”, perguntei-me. Procurei a porta à direita, abri-a, tateei buscando a parede lateral. Não a encontrei, senti que o quarto adquiria dimensões infinitas. Meu corpo em contato com a água diluiu-se gradativamente. Perplexo e calmo, contemplei minha desintegração. Nem mesmo o reflexo perdurou. A tempestade acabou levando seu silêncio, sua instabilidade.
“Fechar os olhos ou apagar a luz?”, perguntei-me. Procurei a porta à direita, abri-a, tateei buscando a parede lateral. Não a encontrei, senti que o quarto adquiria dimensões infinitas. Meu corpo em contato com a água diluiu-se gradativamente. Perplexo e calmo, contemplei minha desintegração. Nem mesmo o reflexo perdurou. A tempestade acabou levando seu silêncio, sua instabilidade.


