URBE - 11
Poderia estar a escrever diante de uma ponte que circundada por prédios misturar-se-ia às estruturas metálicas de minha mente, mas não o fiz. Parado em uma esquina dediquei-me a deslizar o lápis sobre a folha nua. Não expressava sentimentos, não descrevia ou narrava absolutamente nada do que via. Apenas agrupava palavras uma após outra em espirais tortuosas e desconhecidas. Esperava que o acaso estruturasse o texto, esperava que a ordem surgisse do caos. Não sabia, porém, se poderia nomeá-la ou codifica-la, como uma esfinge mortal ou a decifrava ou me devorava. Mas a espera naquela esquina me fez esquecer precisamente o que me dispunha a fazer, a que fora. Quase me desintegrei fundindo-me ao cimento flácido e quente, aos vidros acoplados à estrutura metálica do prédio moderno a minhas costas, ao asfalto fétido amassado pelas rodas dos carros, que ao passarem me faziam tremer a face.
Lembrara-me, “Vim lhe pedir uma possibilidade de diálogo seja a hora, dia e lugar que for. Mas por que estou convencido de que ela não existe?” Pensava e me perguntava. E o tempo esvaía-se não sabia por onde. Nem como poderia dizer-lhe algo uma vez que estava totalmente perplexo ante a identidade de quem eu mesmo fora. Pensava e novamente me perguntava, “Por que quando penso não penso? Por onde começar a questionar? O que questionar? A partir de que?”. A anterior noite chuvosa não passava de um eco quando outra noite se iniciava. E o rumor dos carros tornava-se imperceptível, mas me estremecia, agora, o tronco. E ela não chegava. E eu esperava e esperava, pacientemente na esquina. Eternamente esperava.
Lembrara-me, “Vim lhe pedir uma possibilidade de diálogo seja a hora, dia e lugar que for. Mas por que estou convencido de que ela não existe?” Pensava e me perguntava. E o tempo esvaía-se não sabia por onde. Nem como poderia dizer-lhe algo uma vez que estava totalmente perplexo ante a identidade de quem eu mesmo fora. Pensava e novamente me perguntava, “Por que quando penso não penso? Por onde começar a questionar? O que questionar? A partir de que?”. A anterior noite chuvosa não passava de um eco quando outra noite se iniciava. E o rumor dos carros tornava-se imperceptível, mas me estremecia, agora, o tronco. E ela não chegava. E eu esperava e esperava, pacientemente na esquina. Eternamente esperava.




