URBE -1
“Ciudades de luz, maravillas y rarezas del corazón humano que nadie puede ver, excepto los peregrinos del espíritu que son los hombre de corazón puro”. (http://www.webislam.com/Descarga/Imagenes/Imagen_Texto/urbe.htm)“.... as figuras se sucedem como se estivessem sobre
um tapete que, desenrolado, se estira em movimentos
regulares. Sempre novas, nunca repetidas, mas semelhantes
entre si, .... “ (De volta das Hespérides – Heiópolis – Ernst Jünger)
um tapete que, desenrolado, se estira em movimentos
regulares. Sempre novas, nunca repetidas, mas semelhantes
entre si, .... “ (De volta das Hespérides – Heiópolis – Ernst Jünger)
Urbe
Em uma noite escura uma luz estava acesa, em um quarto de um prédio, em uma rua de uma cidade qualquer. A fumaça que espiralada cobria a lâmpada revelava o acender constante dos cigarros que nem sempre permaneciam em minha boca. Esse acender constante de cigarros que materializava minha angústia. Essa angústia de ser, sem saber direito o quê. Assim o pequeno burguês que vivia em mim chegou a seu fim. Tristeza profunda, solitária e abandonada.
Acompanhei a fumaça que brincava com a luz e percebi as sombras na parede, projetei minha mente rumo ao teto e não pude mais sair das sombras que se formavam. Meus padrões mentais pareciam voar acompanhando a fumaça e a realidade se deformou ante a dilatação do tempo e a contração do espaço. Meus olhos me levaram para cima e minhas pernas para baixo dividindo meu ser. As sombras completaram a fragmentação e os estilhaços se espalharam por todo o quarto, por todo o prédio, por toda a cidade. Perdi-me preenchendo o hipervolume que compunha o espaço. Eu era, então, a cidade.
Essa cidade que tanto amava, essa cidade que tanto odiava. Essa cidade que insistia em despertar em mim sentimentos antagônicos me deixando em constante tensão. Tentei deixa-la algumas vezes, fugi para longe. Fora bom alargar meus horizontes. Mas sentira sua falta, a falta da opressão, da constante tensão, da excitação de nunca saber o que estava por vir. De ter que ficar atento a cada instante, de acordar para o mundo e vive-lo com uma alucinante intensidade, como se fosse morrer no instante seguinte. Amor em tempo de guerra. E sentira sua falta como o viciado sente a falta da heroína, da cocaína, do cigarro. Crises de abstinência, aumento da ansiedade, falta de sono e apatia. Não tive escolha, somente a volta à grande cidade poderia me curar. Somente a volta poderia me restituir o pouco de normalidade que conhecia.
Acompanhei a fumaça que brincava com a luz e percebi as sombras na parede, projetei minha mente rumo ao teto e não pude mais sair das sombras que se formavam. Meus padrões mentais pareciam voar acompanhando a fumaça e a realidade se deformou ante a dilatação do tempo e a contração do espaço. Meus olhos me levaram para cima e minhas pernas para baixo dividindo meu ser. As sombras completaram a fragmentação e os estilhaços se espalharam por todo o quarto, por todo o prédio, por toda a cidade. Perdi-me preenchendo o hipervolume que compunha o espaço. Eu era, então, a cidade.
Essa cidade que tanto amava, essa cidade que tanto odiava. Essa cidade que insistia em despertar em mim sentimentos antagônicos me deixando em constante tensão. Tentei deixa-la algumas vezes, fugi para longe. Fora bom alargar meus horizontes. Mas sentira sua falta, a falta da opressão, da constante tensão, da excitação de nunca saber o que estava por vir. De ter que ficar atento a cada instante, de acordar para o mundo e vive-lo com uma alucinante intensidade, como se fosse morrer no instante seguinte. Amor em tempo de guerra. E sentira sua falta como o viciado sente a falta da heroína, da cocaína, do cigarro. Crises de abstinência, aumento da ansiedade, falta de sono e apatia. Não tive escolha, somente a volta à grande cidade poderia me curar. Somente a volta poderia me restituir o pouco de normalidade que conhecia.

