URBE - 21

SEXTA-FEIRA
Um cigarro, por favor. Seu corpo inteiro estremecia. A distância não era suficiente para evitar sua visualização. O maço cuja cor, vermelha e branca, era identificável mesmo em meio à multidão. Seus dedos se enterravam em minha carne. O desespero estampado em seu rosto em forma de contorções grotescas. Sua respiração ofegante. Eu lhe estendi um cigarro destacado do maço. Pegou-o trêmulo, acendeu-o em meu isqueiro e deu uma tragada apagando-o em seguida com a palma da mão. Imediatamente após o contato com a fumaça seu corpo se acalmou, sua respiração então não mais ofegante, seus olhos me encaravam em silenciosa súplica.
Naquele instante o silêncio reinou e tudo se tornou mais claro. Os sons vindos da rua invadiam meu corpo. Minha mente mergulhava nesses sons que de tamanha quantidade pareciam viscoso líquido. Não fitava mais os corpos sem rosto, percebia seus perturbados espíritos observando seu olhar. Poderia ir além, poderia tentar enxergar através do véu de seus comportamentos. O sol pálido mostrado pelas nuvens apenas me aquecia. Há quanto tempo não ficava em silêncio a observar o entardecer? Qual meu referencial? Que ano? Quando?
A mente dos cinco sentidos parecia me trair, me enganava mostrando-me o que não era. Existiria algum sentido além desses cinco? Seriam somente cinco? Meu limite de percepção. Limite a vencer? O mundo era realmente aquilo que percebia e imaginava que seria? A mente dos sentidos teve que se contentar com pequenas divindades terrenas que eu criara com minha fé para explicar, para aceitar, a realidade da existência. E assim procurei acreditar em deuses, elfos e duendes.
No topo da montanha tudo era diferente. O vento trazia as notícias do vale. Os urubus hipnotizavam com sua dança mágica, seu vôo solitário. Parecia que estava longe dos homens por estar tão cercado pela natureza que se estendia a meus pés. Era um deus, era um fauno, era um elemental da natureza. O oxigênio queimava ao entrar em contato com meus pulmões. Uma viagem ao passado. O riacho cujas águas seriam violentadas quando se tornassem rio, lago mar me saciava a sede.
Naquele instante o silêncio reinou e tudo se tornou mais claro. Os sons vindos da rua invadiam meu corpo. Minha mente mergulhava nesses sons que de tamanha quantidade pareciam viscoso líquido. Não fitava mais os corpos sem rosto, percebia seus perturbados espíritos observando seu olhar. Poderia ir além, poderia tentar enxergar através do véu de seus comportamentos. O sol pálido mostrado pelas nuvens apenas me aquecia. Há quanto tempo não ficava em silêncio a observar o entardecer? Qual meu referencial? Que ano? Quando?
A mente dos cinco sentidos parecia me trair, me enganava mostrando-me o que não era. Existiria algum sentido além desses cinco? Seriam somente cinco? Meu limite de percepção. Limite a vencer? O mundo era realmente aquilo que percebia e imaginava que seria? A mente dos sentidos teve que se contentar com pequenas divindades terrenas que eu criara com minha fé para explicar, para aceitar, a realidade da existência. E assim procurei acreditar em deuses, elfos e duendes.
No topo da montanha tudo era diferente. O vento trazia as notícias do vale. Os urubus hipnotizavam com sua dança mágica, seu vôo solitário. Parecia que estava longe dos homens por estar tão cercado pela natureza que se estendia a meus pés. Era um deus, era um fauno, era um elemental da natureza. O oxigênio queimava ao entrar em contato com meus pulmões. Uma viagem ao passado. O riacho cujas águas seriam violentadas quando se tornassem rio, lago mar me saciava a sede.

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