sábado, maio 13, 2006

URBE - 3

Sem data

Mais uma vez meu irmão iria partir. Vi-o partir e com lágrimas silenciosas percorrendo meu rosto pensei. Nossas raízes estão no vento, nos sonhos, nas aventuras, nos amores tardios, impossíveis, em cada partícula que nos compõe, meus irmãos. Somos um só, marinheiro, biólogo, executivo, e tudo o mais que quisermos ser nesta vida. Os segundos passam e ele vai decolar, e eu vou decolar, irei juntar duas partes de mim, estarei mais completo. “This is no time of celebration, this is no time of marching-bands, this is no time of politicians, is the time of the action” (Lou Reed).

As coisas vão e vêm, como o embate das ondas na areia da praia. Sempre igual mas modificando cada grão de areia que eleva por segundos na coluna d’água.assim os sentimentos fazem com meus pensamentos, eles se elevam na coluna de sentimentos e se modificam antes de assentar novamente em minha mente. Em meu vetor, corto os mares, corto os ares, vôo nas matas, nado nos sonhos. Atiro-me novamente à vida. Com grande perplexidade por existir olho a realidade como pela primeira vez. Relaxo, o cinto está firme envolvendo meu corpo, sinto a vibração dos jatos, mais uma vez. Tudo parece calmo agora. Somente tenho o esperar pacientemente, uma nova luta à frente, tempestade mar doze talvez. Quero tanto para meus pais, eles querem tanto para mim, só não sei como dizer, só não sabemos como nos dizer.

Paralelo 54 graus sul, o único futuro. Encontro com hora marcada, a procura do que perdi. Não importa que seja uma quimera, ou um moinho, transformado por minha mente doentia em um dragão. Partirei em seu encalço para encontrá-lo e empunharei minha lança para enfrentá-lo mais uma vez. Talvez o padre, lá na cordilheira quando o encontrar, me responda, sei que ele me espera, lembro-me quando se fez o elo.