URBE - 4

Olhando para o relógio cogitei se teria tempo de fazer tudo o que precisava. Além dos projetos que deveria terminar para o dia seguinte, as provas para corrigir, médias a calcular e ligar para ela que me aguardava para sair. Essas pequenas coisas que são apenas compromissos normais para pessoas normais e que me acuavam em meu canto por acha-las tão sem sentido. A idéia de executa-las tornava-se pensamento e eles se acumulavam girando em minha mente confusa e insegura. Não agüentando mais escapei pela porta da frente, ganhei a rua caminhando firmemente pela calçada molhada e senti a chuva que ainda insistia em cair. Existia? Pessoas correndo de um lado para o outro, impossível saber porque. Talvez se dirigissem, como eu, para alguma fila de um banco qualquer. Galguei os degraus de falso mármore entranhei-me nos meandros de filas do palácio dos falsos sonhos, suas portas de vidro e lustres de cristal.
As letras surgiram vermelhas no painel, uma após outra, A G U A R D E, após um sonoro sinal metálico. A fila composta por pessoas correndo atrás de seus sonhos pequenos ou grandes, brilhantes ou medíocres. Estranhamente andávamos em diferentes unidades de tempo, alguns impacientes outros calmos e tranqüilos e outros, ainda, indiferentes. Sonhos que compramos à noite quando descansamos em frente ao televisor. Telepartículas, fótons, partículas alfa, beta, mésons pi, uma mulher rodopia a dançar, uma criança grita e chora. Os papéis passam de mãos em mãos, mais sonhos de manhã. O número, também vermelho, 12 e novamente, A G U A R D E.
Take me down to the paradise city, where the grass is green and the girls are pretty, take me on ... I want ....... please take me on........ (Gun’s and Roses).


0 Comments:
Postar um comentário
<< Home