sexta-feira, junho 30, 2006

URBE - 7

26/11/91

Não sei realmente como cada fato isolado se encaixou. Se existiu um padrão ainda hoje não o encontrei. Abstraí a possibilidade de que cada um pertencia a uma esfera diferente, levando a infinitos possíveis encadeamentos. A cada contato entre as superfícies das diferentes esferas que parecia ver, podia ou não, concretizar-se uma realidade. Uma realidade diferente em forma, semelhante em ação e idêntica em essência. Assim a materialização de uma expressão espiritual parecia defasada temporalmente. A consciência de ser dava-se a partir da origem de um impulso cerebral. Esse impulso, era por sua vez, resultante da vontade espiritual, levando a uma interação com outras esferas.

Primeiro a ação, depois a recepção perceptiva, a seguir a associação dos estímulos e finalmente a cognição que permitia a reação. Essa defasagem temporal me fez refletir que a reação se dava em relação a uma ação que não mais existia no tempo real. Respondia com minhas ações a estímulos do passado em uma perfeita ilusão da realidade.

E essas esferas apareciam e desapareciam em minha visão interior. Não era a visão comum, não aquela que realizava com os olhos, era mais uma certeza de sentir de uma forma diferente que somente poderia se comparar à visão. Sem dúvida nesses momentos sentia que minha mente se despedaçaria em milhares de fragmentos que eu nunca mais poderia reunir. Então rejeitava o que sentia e percebia para poder me manter no mundo cotidiano, no mundo real.